segunda-feira, 29 de abril de 2024

Clamo

Eu quero que toquem minha pele,
que sintam o frescor que ainda transpiro,
que vejam a malícia que exalo em meu sorriso.
Quero que me vejam nas noites frias,
fazer do inverno o verão entre minhas pernas,
que os versos da madrugada virem prosa até o raiar do dia.

Eu quero o roçar no meu pescoço,
O salivar dos lábios em meus ombros,
quero indecências ao pé do ouvido.
Eu quero sentir meu corpo todo arrepiado,
meus mamilos em pose de sentido
e meu vértice íntimo molhado.

Eu quero todos os compassos,
do mais leve ao mais agressivo,
quero relutar e obedecer ao que me for pedido.
Quero a provocação de mordidas na nuca,
as mãos alheias se enchendo de mim,
quero sentir o volume que me água à boca.

Quero a loucura e o súor se misturando,
os gemidos ressoando nas paredes.
Quero a vontade de outrem me encarando
Quero dois corpos num só espaço,
o desejo em minha carne penetrando,
as mãos empenhadas e o delírio escorrendo
o tremor das minhas pernas bambeando.

Eu quero reciprocidade sincera,
quero intimidade sem pudor,
a química de conversas que atravessem a superfície.
Quero escutar e ser ouvida,
quero o contentamento da sintonia.
Eu quero afeto, prazer e sobretudo, companhia.






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