sábado, 29 de abril de 2023

Amarras II


Depois de saborear algo tão novo quanto a minha entrega à submissão sádica, eu estava vencida. Meu corpo estava desfalecido, dolorido e pulsante. Minhas curvas estavam febris, e a brisa que vinha da janela soprava a realidade flamejante. Já  sem a venda, a claridade me tomava como um vampiro à luz do dia. Ele começou a me desamarrar com um cuidado inesperado, conforme os nós iam se desfazendo eu tomava consciência física da minha fragilidade.

Tirou os espaçadores das pernas, que eu mal sentia, me tirou membro a membro daquela posição infame e me deitou em seu colo, estrelaçou as mãos em meu cabelo e me trouxe até sua boca, me beijou com tamanha paixão que eu reacendi por um instante. Susurrou em meu ouvido: - "agora eu vou cuidar de você".

Me carregou  em seus braços como as princesas dos livros até uma banheira que parecia previamente preparada. As feridas arderam intensamente ao tocar a água aquecida, mas logo a sensação era de alívio. Eu ainda estava exaurida, mas agora a frieza da sala tinha sumido, estava num ambiente inversamente acolhedor. Enquanto desfrutava desse momento,  percebi que estava sendo observada copiosamente, o ar estava tão caloroso quanto seus olhos em mim do outro lado. Se aproximou, beijou meu lábios lentamente como se me alimentasse com sua saliva. Aos poucos foi se dirigindo para o pescoço, colo e seios amostra, fui sentindo sua língua em cada milímetro do meu corpo. Aquela fúria que eu conhecia a pouco, agora se transformava em delicadeza, ainda que com muita astúcia.  Eu estava totalmente entregue, não resistiria nem se conseguisse, embora não quisesse. 

Passou a venerar meu seios, ora deslizando os polegares entre os mamilos, que imediatamente despertaram, ora enchendo as mãos como sinal de gula. Navegou por entre eles por algum tempo, parecia uma gratificação por minha obediência. Se lambuzava com os bicos rijos, os sugava com força, mas sem mudar o ritmo sutil que empregava em cada toque. 

Levantou meu corpo calmamente e me debruçou na beira, agora muito bem apoiada no piso de saída, ficando com os quadris fora d'água. Ele tinha uma visão privilegiada de sua obra. Beijou minhas chagas, e pôs-se a adorar meu ânus e lábios inferiores, eu gemia de regozijo e loucura quando achava que ali derramaria minha nova derrota, penetrou seus dedos em mim com uma das mãos e buscou com a outra meu rosto afim de me olhar nos olhos em mais uma tortura. 

Embora eu não estivesse mais presa, estava igualmente tomada por essa outra faceta que ele me apresentava tão voluptuosamente. Espaçou mais minhas pernas e com meus gluteos empinados, alcançou minha entrada. Pacientemente ele enfurecia meu corpo, que mesmo debilitado, eu oferecia para saciar seu apetite. Caminhava com a língua entre os dois mundos possíveis, acariciou minhas pregas e sugou meu clitóris calmamente. Meu gozo me alcançou intensamente e ele bebeu meu néctar ofertado. 

Brincou com sua glande na minha vulva encharcada, me atingiu profundamente, senti cada centímetro alcançado, usou movimentos calmos de vai e vem, me deixando ébria de volúpia. A fúria o consumia e me ocupava cada vez mais, ele manteve o ritmo rarefeito, nos tornamos uníssonos ecoando nas quatro paredes, até eu sentir o calor do seu gozo me invadir por inteira e me fazer transbordar também.
Ele me rodava pelos cantos enquanto estava sentada em seu colo, era nossa brincadeira preferida. Aos risos nos olhamos e um clima diferente pairou no ar, nos beijamos e o que começou brando, parecia incendiar. Senti seu braços fortes me apertarem com furor e seu membro acordar por dentro da calça. Conferi com as mãos e acariciei o volume. Com a temperatura aumentando, tiramos as blusas, ajustei minhas pernas e me encaixei entre as rodas para ficarmos de frente um para o outro. Eu entrelacei as mãos na sua nuca e ele em meus cabelos; bocas abertas, linguas dispostas ao tato do que estivesse ao alcance, explorando orelha, sugando o pescoço, percorrendo os ombros e torax; mãos confusas e empolgadas. Me esfregava em seu nele até a gana me consumir intensamente, a cadeira sacudia mesmo apoiada na beira da cama. Mostrou para mim sua carne, eu a transpassei por entre minhas coxas, ele usava a destreza das mãos para massagear e lamber meus seios como pouco haviam feito, enquanto eu sentava freneticamente em sua extravagância. Nos olhamos nos olhos até saciar aquele desejo ambicioso que quebrava paradigmas.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Amarras

Me deitou nua de bruços no braço do sofá, prendeu minhas mãos, eu permiti porque já tinha demonstrado interesse em práticas como essa. Também amarrou minhas pernas, mas com um afastador, que as mantinha ligeiramente abertas e atou muito bem cada extremidade que sobrara das cordas. Me senti indefesa, ouvir seus passos enquanto me inspecionava me deixava inquieta e quando me contorcia sentia os nós apertarem. Ele não ficou satisfeito com a altura dos meus quadris, resolveu então levantá-los com apoio de livros que tinha na prateleira. Escolheu Marques de Sade, que julgou fazer sentido àquela proposta.

Veio até mim e exibiu um chicote clássico de hipismo, o que me pareceu inofensivo no primeiro momento, mas seu sorriso malicioso no canto do do rosto, enquanto se levantava, estremeceu minha confiança.
 
Vendou meus os olhos e passeou com o couro pelo meu corpo. A medida que deslizava a pele arrepiava e a lentidão com a qual ele executava, deixava claro o quanto apreciava minha agonia. Quando chegou nas curvas maiores, minha boca encheu d'água, minhas mãos nas costas tentaram se soltar intuitivamente, as cordas estreitaram os laços ainda mais. O chicote subia por entre uma das pernas e estacionava no meio, como se quisesse checar minha umidade, o contato do couro me atiçava, a escuridão trazia uma confusão entre sofrimento e satisfação.
Sem anunciar açoitou minhas nádegas, involuntariamente gemi e arqueei o corpo, dava pra ouvir sua respiração profunda, duas... três... quatro chibatadas... Eu já ardia em chamas e implorei para que me penetrasse, recebi mais uma chicotada em retaliação e percebi que ao me contorcer meus grandes lábios se friccionavam entre si e na capa do livro. 

A medida que eu sofria, também recebia recompensa com os reflexos do meu corpo. O motivo dos urros já se misturavam entre dor e prazer, minhas pernas tremiam, o contorcionismo me aproximava do deleite. Esfregava meus mamilos eriçados no estofado, vibrava e roçava sobre Filosofia na alcova a cada estalo do couro. De boca aberta, me espremi, perdi a voz e delirei ofegante e combatida.