segunda-feira, 24 de abril de 2023

Amarras

Me deitou nua de bruços no braço do sofá, prendeu minhas mãos, eu permiti porque já tinha demonstrado interesse em práticas como essa. Também amarrou minhas pernas, mas com um afastador, que as mantinha ligeiramente abertas e atou muito bem cada extremidade que sobrara das cordas. Me senti indefesa, ouvir seus passos enquanto me inspecionava me deixava inquieta e quando me contorcia sentia os nós apertarem. Ele não ficou satisfeito com a altura dos meus quadris, resolveu então levantá-los com apoio de livros que tinha na prateleira. Escolheu Marques de Sade, que julgou fazer sentido àquela proposta.

Veio até mim e exibiu um chicote clássico de hipismo, o que me pareceu inofensivo no primeiro momento, mas seu sorriso malicioso no canto do do rosto, enquanto se levantava, estremeceu minha confiança.
 
Vendou meus os olhos e passeou com o couro pelo meu corpo. A medida que deslizava a pele arrepiava e a lentidão com a qual ele executava, deixava claro o quanto apreciava minha agonia. Quando chegou nas curvas maiores, minha boca encheu d'água, minhas mãos nas costas tentaram se soltar intuitivamente, as cordas estreitaram os laços ainda mais. O chicote subia por entre uma das pernas e estacionava no meio, como se quisesse checar minha umidade, o contato do couro me atiçava, a escuridão trazia uma confusão entre sofrimento e satisfação.
Sem anunciar açoitou minhas nádegas, involuntariamente gemi e arqueei o corpo, dava pra ouvir sua respiração profunda, duas... três... quatro chibatadas... Eu já ardia em chamas e implorei para que me penetrasse, recebi mais uma chicotada em retaliação e percebi que ao me contorcer meus grandes lábios se friccionavam entre si e na capa do livro. 

A medida que eu sofria, também recebia recompensa com os reflexos do meu corpo. O motivo dos urros já se misturavam entre dor e prazer, minhas pernas tremiam, o contorcionismo me aproximava do deleite. Esfregava meus mamilos eriçados no estofado, vibrava e roçava sobre Filosofia na alcova a cada estalo do couro. De boca aberta, me espremi, perdi a voz e delirei ofegante e combatida.

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