quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Insight IV

Me sentia suja ao cavalgar no braço do sofá. Era minha inocência falando, o desejo que eu não entendia e a moralidade que me condenava.

Eu

O estado febril de outros corpos me acende não importa se são homens ou mulheres. Perceber o regojizo alheio também abastece minha libido. 
Eu contorço minhas pernas enquanto escrevo, contraio meu corpo num fio de esperança de encontrar um acalanto na inquietude.  Mas os lábios friccionados um contra o outro só me trazem um calor que sobe até o pescoço.  De repente uma das minhas mãos alcançam a nuca, descem até os seios que dançam já soltos sob o tecido, a outra percebe a calcinha molhada e meus dedos descobrem uma poça e se afogam no desejo. 
A alça caindo sobre o ombro, o abocanhar do seio sobre o tecido, a fúria ao abrir a camisa sem desabotoá-la. O corpo côncavo a cada toque;
Uma sinfonia de caos a cada sussurro; A loucura invadindo o espaço farto entre os pequenos lábios. O frenesi constante e uníssono. O cavalgar da insensatez. A submissão ao novo; o roçar da barba nas costas, o beijo grego tão ansiado, a penetração duplamente delirante. A lágrima de descontrole involuntária nos olhos. O êxtase do infinito ... a chegada da chuva negra há tanto desejada num misto de recompensa e submissão.